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Topic-iconDO DIABO PARA SEU APRENDIZ - Murilo Moreira Veras

2 anos 11 meses atrás#108por bruno

Cartas de um diabo a seu aprendiz

C.S.Lewis

Clive Staples Lewis nasceu em Belfast, Irlanda, em 1898. Foi Professor
em Oxford e Cambridge. Era também escritor, romancista, poeta, crítico
literário, ensaísta e teólogo. Cresceu no meio da cultura e a ela se dedicou, e
assim, foi considerado um dos grandes intelectuais do Século XX. Foi um
estudioso da literatura medieval e renascentista.
De ateu, passou a ser um cristão, por influência de seu amigo Tolkien,
também um renomado escritor britânico. Deixou uma vasta obra. No campo da
teologia cristã, escreveu, dentre outras, O Problema do sofrimento (1940),
Milagres, (1947) e Cristianismo puro e simples (durante a 2ª Guerra Mundial).
São obras centralizadas na figura de Cristo e na sua luta para salvar os
homens.
No livro em análise, o autor, de uma inteligência privilegiada, nos
apresenta de forma inteligente, criativa, e crítica, as recomendações do diabo
Maldanado a seu sobrinho Vermelindo, em processo de aprendizagem das
coisas do “mal”.
Seus conselhos buscam, sutilmente, desmoralizar a fé em Cristo,
aproveitando-se de pessoas incautas e inseguras no campo espiritual.
Condena Paulo por suas regras gerais do Cristianismo, os Apóstolos, Maria,
teólogos e cristãos convictos e tudo e todos que buscam na fé e na crença, a
salvação de suas almas.
Condena, ainda a introspecção, a meditação, a busca do nosso “eu
sagrado”, induzindo as pessoas a buscarem campos opostos mergulhados em
tumultos, dispersão, negligência e procrastinação.
Se nos aprofundarmos nos malabarismos expostos em cada uma das 31
cartas, creio que acharemos caminhos opostos, que, sem a menor intenção de
ajudar, Maldanado nos guia até eles. É centrar no inverso do seu discurso e
caminharmos em sentido contrário ao proposto.

Numa discussão colocada sobre o “Jesus histórico” por ser atemporal e
sem outra missão a não ser salvar os homens, Ele nos deixou o Evangelho,
guia seguro para caminharmos rumo à evolução. Não O vejo como um
revolucionário na conotação dos nossos dias, mas como um Guia Espiritual,
que, da mesma forma que Maldanado, nos leva à intuição de certo ou errado,
por meio dos espíritos superiores que nos acompanham, como nosso Anjo da
Guarda. Com o livre arbítrio, reta-nos escolher.
O autor captou muito bem as artimanhas do diabo, sabendo que suas
palavras podem convencer até os de boa fé. Afinal, ele foi Arcanjo, muito
próximo de Deus.
Nas entrelinhas, identificamos, numa leitura inversa à que o demônio
propõe, os princípios cristãos e moralistas para uma vida boa na terra.
Perseverar na fé e estar atento ao que acontece física ou mentalmente ao
nosso redor, pode-se encontrar o propósito de Deus para cada um de nós.
Gostei muito do livro. Achei-o criativo, inteligente, bem humorado e de
fácil compreensão.

Brasília. 24 de março de 2021

Ena Galvão

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3 anos 1 mês atrás#105por bruno

O livro a ser discutido hoje, 26.03.21, no Clube do Livro é Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz do autor inglês Clive Staples Lewis (1898-1963) ou C.S.Lewis. Trata-se de escritor prolífero em áreas como educação, filosofia e religião. Amigo de J.R.R.Tolkien, autor da série O Senhor dos Anéis, grande sucesso cinematográfico. Tolkien o teria convertido ao cristianismo, pois Lewis seria antes ateu enrustido. Parece que, depois de convertido, passou a escrever sobre religião, não católica, como a de Tolkien, mas o presbiterianismo.

1. Introito

O livro é constituído de cartas que o personagem Maldanado, suposto senhor do Inferno, dirige a seu sobrinho com ensinamentos e admoestações sobre como tratar os humanos, visando ou convertê-los à trupe demoníaca ou, então, desmoralizar a religião cristã — melhor, Deus, que é chamado de o Inimigo. Por isso, temo-lo como espécie de lições dadas pelo próprio Senhor dos Infernos aos infelicitados seres humanos que lhe ficam a mercê. Uma sátira bem elaborada à ardileza do Demônio e uma contradita: defesa indireta do cristianismo.

2. As Cartas: Teor e Exegese
Carta VIII: Sobre a Fé e suas Lacunas

É realmente impressionante como o Diabo age e se aproveita das lacunas da fé. O autor explica isso literariamente nestas cartas dirigidas a seu acólito. Satanás tem de ser sagaz, astucioso, espécie de psicólogo do Mal — ele sabe que Deus não escraviza a sua criatura, porque lhe deu o direito de escolher o que quiser, através desse espantoso artifício de amor e misericórdia para com o ser humano: o Livre Arbítrio. Deus não nos quer escravos, mas seguidores de sua fé, apóstolos, libertos do pecado com consciência, senão não seríamos filhos de Deus mas, escravos, simples autômatos.
Carta IX: Sobre a Adolescência Como usá-la

A adolescência é sempre aquela fase que o individuo duvida de tudo de todos, fase de crescimento da personalidade, os anseios são agudos, não se encontram as respostas para os grande problemas que o adolescente vai encontrar com crescente peso da idade. Assim, torna-se presa fácil de ser enganado sobre o que é verdadeiro, o que representa a fé, a razão, o que é o sentido da vida. Melhor momento para o Diabo agir sorrateiro, daí o adolescente ter cuidado e ser instruído pelos pais, bons amigos, ter boa formação.
Carta XV: A Artimanha demoníaca sobre o futuro

Eis a malícia do demo: o ser humano deve pensar no futuro, pois incerto leva-o a contribuir com o pecado. Já no presente, ele está preocupado com a vida atual, resolvendo seus problemas, sempre pode pedir a ajuda de Deus. Com relação aos apóstolos, ele, o Belzebu odeia Paulo, pois construiu a apologética cristã, impondo as regras gerais do cristianismo, que são a humildade e a caridade.
Carta XVIII: Sobre a abstinência Sexual

O diabo odeia o casamento monogâmico. O divórcio para ele seria aprovado, pois, quebra essa linha existencial — a relação matrimonial “uma só carne”, como preconiza Paulo, odiado pelo demônio.
Carta XIX: A Expulsão do Paraíso

O Maldanado — versão literária do famigerado Belzebu — diz que o Amor nada mais é do que a matéria-prima de produção do Ódio, um caminho necessário, pois ele deseja mesmo é que os seres humanos se odeiem, façam guerras. E uma denúncia: serão os projetos futuros dos humanos, a inteligência artificial, invenções futuristas, a favor do Sujo?
Carta XX: Sobre a castidade

Segundo a denúncia do Maldanado, o mundo banaliza o sexo em todas as atividades, artísticas, culturais. O sexo invadiu a arte cinematográfica e as mulheres se vestem visando atrair os homens sexualmente. A prostituição, outrora restritas às “pocilgas”, hoje está viralizada em toda parte, os bordéis de ontem, hoje são os motéis.
Carta XXI: Sobre o obscurecimento do intelecto

Belzebu pensa ser o dono do mundo, à medida que vai conquistando ardilosamente o plantel dos humanoides e chama esta sua ação de realismo — quer dizer que com isto engabela os pobres seres humanos que caem em suas malditas ciladas.
Carta XXII: Sobre a Música e o Silêncio

Lúcifer — ou seu porta-voz — odeia o cristianismo e os seus seguidores. Também odeia a Música e o Silêncio (arte e estado de ascensão espiritual). Adora o barulho e quer transformar o Univrso num barulho só. Tem mais: a tese criada pelo filósofo francês Henri Bergson, a Força Vital, por incrível que pareça é de seu interesse. O autor C.S.Lewis desaprova a teoria de Bergson, mas não explica por que — pois a Igreja aceita muitas das teorias bergsonianas.
Carta XXIII: Sobre Jesus Histórico como descrédito da Fé

Considero esta uma das tais cartas mais importantes. São abordados assuntos de grande profundidade, já não se trata de malabarismos, chistes, graçolas, pantominas, tudo para enganar os cristãos. O assunto é sério. Implica comportamento das próprias hostes católicas, incide na teologia da Igreja. É hoje assunto trivial, inclusive entre as católicas, a tese de que devemos buscar o Jesus Histórico. É uma grande oportunidade para o ateu negar Cristo, por não haver prova histórica, concreta, de sua existência, a busca por sua pessoa, sua vida, esquecendo sua deidade, tornando-o uma simples figura retórica, uma imagem, quem sabe criada pela própria imaginação dos seus seguidores. Assim, o Cristo Histórico surge como um líder social, defensor dos fracos e oprimidos. Tal concepção confunde Jesus com esses heróis históricos, que lutam pela modificação do mundo, um filósofo socialista contra as estruturas do poder econômico, a favor da utopia do Mundo Melhor — e para ser mais claro: a favor da Teoria da Libertação. Ora, esse fato é uma espécie de sofisma para negá-la a deidade divina de Jesus, transforma-o num simples pregador e consequentemente os prosélitos dessa teoria não acreditam em Maria Santíssima, Mãe do Senhor.
Nos Evangelhos, Jesus declarou “Meu Reino não é deste mundo”. O mais intrigante é que boa parte do clero hoje vem sendo instruído sub-repticiamente nesse sentido, nas homilias e ações pastorais, ou seja, de que o cristianismo busca o tal Mundo Melhor interpretado como o Novo Reino a que se refere o Mestre em seus sermões.

3. Conclusão

C.S. Lewis escreveu muito sobre o seu tempo e, assim como Tolkien, de quem era amigo e responsável por sua conversão, não à Igreja Católica, mas à Presbiteriana. Enquanto Tolkien fazia a saga do Senhor dos Anéis, Lewis comentava sobre temas cristãos, educativos, inclusive histórias fantásticas. Este livro faz parte da fantasia: um suposto demônio, Maldanado instruindo seu sobrinho Vemelindo. O livro de Lewis é bastante criativo. Na realidade, são ensinamentos sobre como o Belzebu age e as pessoas se defenderem de suas artimanhas. Mas também espécie de alerta aos cristãos em benefício da sua fé no Criador. Há críticas veladas sobre determinados comportamentos de cristãos. Interessante essa ideia fixa dos descrentes e com ela concordam e agem muitos católicos, de buscar o Jesus histórico. Lewis esclarece o quanto isto é prejudicial à fé cristã, pois é uma forma, indireta, de negar sua existência divina. Concordo plenamente com o autor, em gênero, número e grau.
Bsb, 21.03.21

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