×Comentários de Livros

Topic-iconAs Esganadas - Jô Soares

2 anos 11 meses atrás#110por bruno

AS ESGANADAS (Comentários Tunico Blé)

Prezados amigos do Clube de Leitura,

Quando indiquei os livros para escolha do grupo, eu só tinha em mente os dois
primeiros ‘Claro como o dia’ e ‘O homem que matou Getúlio Vargas’, dos
quais eu tinha boas referências. Como teriam que ser 3 livros, inclui na última
posição ‘As esganadas’. Sinceramente, eu esperava que um dos dois
primeiros fossem escolhidos, pois não tinha nenhuma ideia razoável do que
seria o terceiro.

Como é de praxe vou dizer primeiro, o que achei de bom no livro (não muita
coisa).

- O autor (Jô Soares) é conhecido por seu humor inteligente e elegante,
todavia, neste livro eu fiquei em dúvida sobre esta qualidade (depois explico);
- O fundo histórico da trama é, como sempre, impressionante. Personagens,
datas e lugares reais é uma boa moldura para a ficção;
- Os personagens fictícios são bem caracterizados e fortes, quase convencendo
de que teriam existido de fato;
- A leitura fácil é uma qualidade do autor que não enche linguiça e não se
prolonga com narrativas repetitivas e cansativas;
- O característico humor do Jô está presente no texto, porém, de forma muito
discreta. Não explorou adequadamente os personagens e as situações, como
costuma fazer;
- Há pontos altos no livro, tais como, - o suicídio forjado do Aleister Crowley ; -
A ida da equipe à zona meretrícia para investigar a vida da prostituta e
performance o Palhaço Rodapé; - o romance improvável de Diana e Tobias,
quase insano; - a história do Boticário Pedregal e da banda paraguaia ‘Los
Peruanos’; e pouca coisa mais.

Quanto ao que o livro tem de ruim, na minha opinião, é muita coisa:

- O pior é a narrativa detalhada de todos os quatro rituais macabros da
execução das moças pelo psicopata. Eu tenho certeza que bastaria uma delas,
a primeira, para dar uma ideia precisa do fundo motivacional do ‘serial kiler’.
As três seguintes são totalmente desnecessárias. A movimentação posterior,
isto é: ‘a montagem do quadro’ (transporte e arrumação do show) sim,
precisaria ser melhor explorada. Conforme ele descreve – “nem Houdini, nem
Houdini” – alusão ao ilusionista, escapista... morto acidentalmente numa das
suas demonstrações. Como a narrativa é do ponto de vista do assassino, a
estratégia e logística da entrega do crime deveriam ser explicadas.
- Sobre os detalhes sórdidos das execuções, cabe fazer uma observação sobre
o autor. Este raciocínio seria do Tobias Esteves:
– A meu ver pois, pois, o protagonista da peça é o ‘serial kiler’ Caronte, um
psicopata. Isto fica bem definido. Então, considerando a importância que o
autor dá aos detalhes das execuções doentias de forma reiterada, podemos
concluir que há duas possibilidades: - A primeira é de que o Sr. Jô Soares
queria com este livro alcançar um público diferente do habitual, neste caso,
adolescentes desequilibrados; - A segunda, partindo do princípio de que em
histórias policiais normalmente o escritor se projeta no protagonista, fica uma
dúvida sobre o aparente equilíbrio mental e elegância do autor.

- O escritor não explora adequadamente o desenrolar da trama. Por exemplo: -
ele deveria explorar melhor os preparativos e manobras para atrair as vítimas,
o esforço de um indivíduo esquelético para colocar as moças gordas no
rabecão, o estranho carro usado para expor doces numa via pública etc. Tudo
isto seria farto material para as típicas piadas do Jô.
- O livro contém o desenrolar chato das histórias policiais fictícias: - O
investigador reúne dezenas de provas e evidências das características do
criminoso, ‘o modus operandi’, as possibilidades de lugares onde encontrar o
criminoso, as exclusões e inclusões... para no final... o criminoso ser pego de
forma totalmente casual. Neste caso, a personagem secundária (esposa do
Noronha) com uma receita drogas para emagrecer. Ou seja, tudo que foi
colecionado para chegar ao assassino é esquecido.

Face ao exposto, só tenho que pedir desculpas pelo mau gosto do livro,
especialmente para as senhoras presentes no clube.

São minhas impressões (não digitais).

Tunico Blé

Please Acessar to join the conversation.

2 anos 11 meses atrás#109por bruno

AS ESGANADAS ESGANAÇÕES DE JÔ SOARES

Murilo Moreira Veras

Livro em pauta hoje 25.05.21 no Clube do Livro — AS ESGANADAS, autor Jô Soares, cômico stand-by, entrevistador, agora escritor. É de se esperar, o pobre leitor — um livro em estilo policialesco, pirandélico, como o foi ou é, seu autor, Jô Soares, o Gordo da TV Globo.

Nossa apreciação do livro se restringirá a poucas palavras. Resulta de uma leitura veloz, isto que hoje os especialista, ditos sábios na manipulação dos artefatos científicos que dominam o cérebro, denominam leitura dinâmica. Mesmo assim, ao final das 250 páginas concebidas pela estrepolia literária do gordo Jô Soares, considerei ter captado o estrepitoso sentido de seu livro. O que ele, o autor, não percebeu ao fabular esta sátira é que, esganando as personagens vítimas comilonas, gordas por natureza, através do odioso assassino Caronte, ele, o escritor, também gordo, acaba esganando a si mesmo, a sátira recai sobreo próprio autor. É evidente, diríamos até esperneante, que o autor satiriza o governo de Vargas e sua ditadura à brasileira... “Trabalhadores do Brasil”... discursava o canhestro político, gauchescamente se dirigindo aos trabalhadores, operários e sindicalistas em suas falas demagógicas..

Jô Soares, humorista no passado recente, tão badalado quanto seu colega de farsa, Chico Anísio, neste livro támbém quer tirar sarro dos conservadores e seu livro, mesmo publicado em 2011, serve para tripudiar os direitistas de hoje. Aliás, esse desiderato não se restringe a ele, Jô Soares, mas é extensivo a maioria dos intelectuais, artistas brasileiros, com exceção evidentemente.

A propósito do material apresentado pelo autor, fiz algumas pesquisas em dicionários e na Wikipédia, embora os fatos que o enredo envolve sejam ficção, praticamente de domínio público. Todo mundo sabe o que foi a ditadura de Getúlio Vargas, quem foi Felinto Muller e Lourival Fontes, os fatos danosos que o regime trouxe ao País.

Observei alguns senões, por exemplo, à página 167, o fato de que o Goebbel, aquele Ministro da Propaganda de Hitler, teria nascido em Mönchengladbach, quando, segundo Wikipédia, foi na localidade de Rheydt, oeste da Alemanha. Irrelevante o fato talvez, sabendo-se que a mixórdia policial do autor tem a prosopopéia de não passar de mera ficção.

Tirante alguns rasgos inteligentes, o livro do sr. Jô Soares é de um profundo mal gosto. Mesmo escrevendo sobre suposto esgoto do mundo do crime, os autores clássicos — Raymond Chandler, Conan Doyle, Agatha Christie, George Simenon, Daphne du Maurier e Stephen King — o fazem, mas sempre com a magia elegante de um bom ficcionista.
Bsb,25.05.21

Please Acessar to join the conversation.

Moderadores: murilo
Tempo para a criação da página:0.294 segundos
Powered byFórum Kunena

Pesquisa Fórum

Palavra chave

Últimas do Fórum

  • Não há postagem a mostrar

Cotação Dólar

Facebook