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Topic-iconO Velho e o Mar - Ernest Hemingway,

2 anos 7 meses atrás#117por bruno

O Velho e o Mar - Comentário de Ena Galvão.

Ernest Hemingway

Este livro ganhou o Oscar de melhor animação, num vídeo de 20
minutos apresentado em 2000 e o Nobel de Literatura em 2012.
Hemingway influenciou a literatura na década de 30 a 40. Falava que os
valores que tinha herdado não tinham mais relevância nos Estados Unidos,
dominado pelo provincialismo e materialismo. Mudou-se para Cuba e lá viveu
por 22 anos.
Num conto “pequeno” com apenas dois personagens humanos: um
velho aos 84 anos e um garoto que começou a acompanhá-lo aos 5 anos. Com
o garoto, o velho discutia estratégias da arte de pescar e beisebol. Manolin
tinha uma solidária compaixão pelo velho. Quando o jovem buscava estar mais
presente em sua vida, o pescador sempre chamava sua atenção: você tem
pais e precisamos respeitar suas ordens.
Santiago vivia numa pobreza infinita: casebre paupérrima, e, mesmo
assim, acostumou-se com o que tinha. Isso não o fazia infeliz.
Conversava com o mar, a natureza, as estrelas, as aves, os peixes, que
também se constituíam em “personagens. Consigo mesmo, gostava de
relembrar a importância da lucidez. Às vezes, sentia tonturas, pelo cansaço e
pela fome. Pelo voo das aves sabia reconhecer o cardume e até mesmo as
espécies de peixes.
Tinha grande compaixão por todos e particularmente pelos animais.
Ficava penalizado aos ver os caçadores de tartarugas matá-las e verificar seu
coração pulsar horas e horas, mesmo depois de mortas. Era verdade que ele
matava peixes, dizia para si mesmo, mas não era por orgulho, mas, sim porque
era pescador e esta era sua profissão. Quando ele e o garoto pescaram um
casal de espadartes, apenas a fêmea fisgou e o macho não saiu do seu lado,
até ela ser pescada.
Era notória sua persistência e serenidade com o imenso Marlim, maior
que seu barco, nadando em círculos. Não o largo enquanto vida eu tiver. Gosto
e respeito você, mas vou matá-lo. O peixe deixou-o em alerta durante 2 dias e
2 noites.

Feriu-se antes da luta final e então conversou com as mãos, mas a sua dor
estava na fome e não nos ferimentos da não. Chegou quase a entregar os
pontos sem se importar quem mataria quem.

Apelou também a Deus, mesmo sabendo que não tinha religião, para
que o ajudasse na difícil tarefa. Rezaria Padre-nossos e Ave Marias. Pediu a
Virgem a morte do peixe.
Gostaria de ter Manolin aqui comigo, pensou. Estou só, mas o peixe não
sabe que aqui há um único homem para enfrentá-lo. Finalmente, conseguiu
abater o imenso pescado.
Foi vítima de ataques de tubarões diferentes, que se aproximavam ora
só, ora em grupos. Lutou bravamente, matando ou ferindo, com os poucos
recursos de que dispunha e só terminou, quando não havia mais carne a
comer. Só restara a carcaça. O barco ficou leve o que possibilitou um retorno à
terra, de forma mais rápida.
Quando regressou à costa, lá estavam o garoto e o troféu dos ossos do
peixe. Manolin velou seu sono e seu repouso, pois queria ainda aprender muito
com ele.
E o velho voltou a sonhar com os leões de sua distante África.
Esse conto de Ernest Hemingway, lembra-me outro autor: Victor Hugo
(1802- 1885) em Os Trabalhadores do Mar, na sua luta contra as forças da
natureza, que se transformam também em personagens.

Brasília, 13 de setembro de 2021

Ena Galvão

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2 anos 7 meses atrás#116por bruno

EXEMPLO DE SUPERAÇÃO

Murilo Moreira Veras

O livro em pauta hoje no Clube do Livro é do autor Ernest Hemingway,
escritor americano, de renome, laureado com Nobel de literatura. O Velho e o Mar, já
em 77ª edição, ora com o selo Bertrand Brasil, 2012.

Já tivemos oportunidade de ler romance de Hemingway, de nossa parte lido com reserva.

1. Prólogo
Este O Velho e o Mar, segundo a apresentação, é o livro mais popular do
autor, que se distinguiu por suas reportagens de guerra e livros de impacto como Por
Quem os Sinos Dobram e outros do mesmo jaez. É a história de um velho pescador,
chamado Santiago, que fazia 84 dias que, todos os dias na dura tarefa de pescar, para
o ganho da vida, não pescava um peixe sequer. Por isso, era tido pelos parceiros de
profissão pessoa ultrapassada, praticamente morta. Mas, mesmo assim, dito como
alquebrado e inútil, em relação aos mais jovens, Santiago, o velho não desistia de todo
dia entrar no barco e enfrentar o mar, a cobro de fisgar o produto mais desejado por
um pescador: pescar peixe, no mar. O velho Santiago, coitado, fazia tempo que não
pescava nada, não tinha essa sorte. Ajudava-o um garoto, Manolin, que tinha pena
dele e sempre o auxiliava, primeiro o acompanhando nas pescarias, a título de
aprendiz, também trazendo-lhe às vezes comida, que o velho vivia só. Depois, os pais
do Manolin o impediram de acompanhar o velho e passar para outro barco, mais
proveitoso na arte da pesca.

Num desses dias, Santiago sai de madrugada para enfrentar o mar no seu
pequeno barco, sem o ajudante, só com a coragem, pesando-lhe a vergonha de ser
um pescador inútil. Afasta-se da costa e depois de uma longa espera, começa a fisgar
algo, primeiro peixinho, que só serve para comer ali mesmo no barco. É quando, lá
para as tantas, fisga um que, tudo indica, ser enorme. Então ele começa a lutar com o
peixe, o maior que já tinha visto no mar. É uma luta insana que o velho Santiago tem
de fazer contra aquele monstrinho do mar. O peixe arrasta o barco e salta acima das
ondas, para se livrar do anzol, enquanto reunindo todas suas forças o velho sustenta a
vara e dá-lhe corda até vê-lo cansar A muito custo, o velho consegue arpoar o peixe,
domá-lo, trazê-lo para a borda do barco e amarrá-lo, junto à embarcação, para
rebocar o monstro, com seis metros de envergadura.

É quando aparecem os maiores predadores do mar: os tubarões. Primeiro
um se acerca, Santiago consegue atingir-lhe com o arpão, ele retorna, acaba
abocanhando um pedaço do peixe ancorado no barco. E o velho doravante tem de

lutar renhidamente com uma malta de mais tubarões, todos ferozes, enxotados a custo
de pancada, mas sempre a estraçalharem o peixe prisioneiro.

Durante cerca de dois dias o velho passa no mar, lutando contra os
tubarões, já extenuado de força, mas se ufanando de haver pescado o maior peixe até
então visto. Enquanto luta, ele, em monólogo, fala sobre sua vida, os sonhos, a
história de um ser humano que consegue vencer os tropeços da vida.

2. Avaliação
Críticos americanos e brasileiros consideram O Velho e o Mar uma obra-
prima. Não vou contrariá-los. É certamente uma obra de valor literário, até do ponto
de vista humanístico. Hemingway o escreveu como o ápice de sua malograda
existência. Era um repórter e como tal, no livro, ele desenvolve uma técnica jornalística
de suspense literário. O que seria esse velho pescador que não consegue pescar e
desafia o mar para pescar o maior peixe já visto? Consegue domá-lo, matá-lo e trazê-
lo para terra e demonstrar que conseguiu vencer o impossível, fisgar um peixe
descomunal. Seria o que aconteceu com ele próprio Hemingway? Ele conseguiu vencer
na vida como repórter de linha de frente, escrever livros, hoje, considerados imortais.
A história de velho Santiago é um exemplo de superação. Há um mote que diz: vence
a vida, quem vence o medo e a morte. O velho é um herói, fez como se diz, das tripas
coração, e conseguiu vencer o desprezo, a solidão, o malogro. Mas, o autor,
Hemingway, venceu as intempéries da vida? Creio que não: suicidou-se com 60 anos,
um tiro, se não me engano no coração, como fizera o pai e a neta, anos depois,
suicidando-se no mar.

Ora, a história do velho Santiago lutando contra um peixe-monstro, na
realidade luta impossível, se analisarmos detidamente os ingredientes dessa fantástica
narrativa, tem o mesmo sentido do livro de Herman Melville, Moby Dick, de 1851, a
baleia assassina, que o capitão Ahab enfrenta no mar, a título de vingança dos crimes
que o monstro teria praticado. A luta entre o bem o mal. Claro que Melville fez um
romance imenso para narrar esta história. Hemingway, jornalista de vanguarda,
simplifica tudo, dá-nos apenas o arcabouço dessa tragédia. Um velho, que não servia
mais no ramo pesqueiro (ou da vida moderna), renasce das cinzas, retira forças
ocultas, prova que tem peito ainda, enfrenta as intempéries da vida e vence o
impossível, o monstro do mar.

Cá entre nós, não sei se nosso Hemingway teve esta intenção clara de ser
um vencedor das intempéries da vida, tendo se livrado fatidicamente dela por uma
fraqueza de caráter, o suicídio.

A literatura nacional e mundial é prenhe desses exemplos trágicos.
Ninguém se engane quanto aos objetivos da ficção. Ela é sempre uma faca de dois
gumes, porque a ficção não é a realidade, embora saibamos todos nós, até por
experiência própria, que a realidade, muitas vezes, supera a própria ficção.

Bsb, 3.09.21

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