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Topic-iconVerônica e os pinguins. Hazel Prior

1 ano 10 meses atrás#126por bruno

VERÔNICA, A VIDA E OS PINGUINS
Murilo Moreira Veras

Verônica e os Pinguins é o livro em pauta no Clube do Livro, a autora
Hazel Prior, selo da Gutenberg. São 314 páginas, a meu ver, bem aproveitadas.
A autora, além de escrever, toca harpa e vive em Exmoor, sudeste da
Inglaterra com o marido e um grande gato ruivo.

1. Prólogo
Poucas pessoas conhecem ou se inteiraram sobre os pinguins, como
vivem, se reproduzem. Pouca gente sabe que essas criaturas não são
mamíferas, mas simplesmente aves, portanto ovíparas. Vivem em colônias aos
milhares em terras frias, geleiras, o reduto a Antártica e as ilhas afins. São os
pinguins-de adelia (pygoscelis adeliae). Pois este livro descreve um passeio de
uma senhora de 86 anos às geleiras da Antártica, onde passa a conviver com
cientistas que estudam e fazem pesquisas sobre os pinguins. O que se passa ali
e o porquê dessa senhora se deslocar para viver algum tempo nessas paragens
tão desérticas é o tour de force do livro da autora.

2. Enredo
Verônica McGreedy é uma senhora de 85 anos, viúva, milionária e ao
que parece sem herdeiros, pelo que ela saiba. Vive solitária numa mansão, na
Escócia, cujos únicos empregados, que a servem, é Eileen, espécie de faz-tudo
para ela e um jardineiro que cuida do jardim. Só iremos saber o miolo do livro,
no desenrolar de uma história ao mesmo tempo trágica, aventureira e até
engraçada. Aos poucos, inteiramo-nos de que Verônica teve infância e
adolescência bastante trágicas, os pais falecidos a época da guerra, num
desastre, ela entregue a uma tia que a distratava, depois levada para ser criada
num convento de freiras. No convento, ainda adolescente é vítima de imbróglio
amoroso com um tal Harry e sua namorada, depois sofrendo bullying na escola,
acaba se envolvendo com Giovanni, rapaz italiano que é prisioneiro de guerra,
com quem pretende fugir. Ocorre que Verônica está grávida do italiano, as
freiras ficam horrorizadas, mas fazem o parto dela, ela agora está com o filho
Enzo, as freiras cuidando dela e do filho. Mas por pouco tempo. Até que um
dia, ela acorda e não encontra mais o filho — as freiras, à revelia da mãe, o
entregam em adoção a um casal de certa posse. O tempo passa e Verônica,
saindo do convento, se emprega numa empresa imobiliária cujo dono é
milionário. Este se engraça de Verônica, que sempre foi muito bonita e se casa
com ela. Ocorre que o milionário tem amantes, mas Verônica agora administra
parte da imobiliária por conta própria, divorcia-se do marido, o certo é que logo
ele falece e ela acaba ficando milionária, mas sozinha. Tudo isto é contado na
forma de um diário, mais tarde lido por Patrick, neto de Verônica. Patrick é o
filho do único filho de Verônica com o italiano.

Verônica agora é uma mulher milionária, solitária, voluntariosa, cuja
vida não lhe parece ter sentido. Até quando descobre que tem um neto

2
chamado Patrick, filho de seu filho, alpinista, morto num acidente. Por sua vez,
Patrick é um rapaz, criado sem família, de vida meio irregular, trabalha
consertando bicicleta, puxa uma droga e é também desiludido do mundo e da
vida. Enfim, Verônica se encontra com o neto, não o tolera a princípio. É
quando ela é tomada pela ideia maluca de, assistindo a um programa sobre a
sobrevivência dos pinguins na Antártica, resolve passar um tempo naquele
ermo gélido e ajudar a salvar os tais pinguins-de-adélia. É praticamente a
segunda parte do livro, narrando as peripécias de Verônica na ilha habitada por
pinguins, onde vai conviver com os cientistas administradores de um programa
científico, a moça Terry e os colegas Dietrich e Mike.

Enquanto isso, Patrick que lê o diário de vida que lhe envia sua avó
Verônica, também se apaixona pela ideia de salvar os pinguins e sabendo que
ela já se acha sozinha entre os cientistas, resolve se mandar para lá. Na ilha ele
faz as pazes com a avó, ajuda na vida excêntrica dos cientistas e acaba se
apaixonando por Terry. Ocorrem peripécias de todo jeito, pinguins morrendo,
eles conseguem salvar um que eles chamam de Pip, Verônica fica muito
doente, quase à morte, Dietrich e Mike agora já gostam da velha intrusa, fazem
tudo para salvá-la. No final as coisas se arrumam algo diferente. Verônica se
restabelece, retorna à sua mansão na Escócia e ao contrário do que dizia, vai
fazer seu testamento e deixar seus milhões de libras a seu neto Patrick, ele que
decida o que fazer com a grana, em vez de destinar, como queria, para salvar
os pinguins. De sua vez, Patrick prefere ficar na ilha com os cientista e seu
novo amor, a enigmática mas simpática Terry e seu blog dos pinguins.

3. Apreciação
É bom que se diga que o livro de Hazel Prior não é um best-seller.
Não tem seus ingredientes essenciais: sexo, violência, terror, palavrões,
linguajar chulo. Ao contrário, está bem estruturado, a autora usa técnica
literária bem moderna, como parte do enredo relativo ao diário de Verônica em
feedback. Os capítulos são curtos, mas bem adaptados ao estilo da narrativa, o
que faz com que o texto não fique enfadonho, além de despertar certo
suspenso quanto ao desenrolar dos fatos. Tanto pode versar sobre uma
aventura, como tratar de educação, comportamento e problemas familiares.
Sem falar que um dos tour de force é a vida de uma pessoa idosa, o
comportamento de Verônica, milionária, mas solitária e infeliz, depois o fato de
conseguir ter um sentido da vida, mesmo que seja para salvar pinguins.
Claro que se trata de uma ficção, com seus arroubos, suas
incongruências, uma senhora com 86 anos se mandar para a Antártica para ver
e ajudar pinguins. Ora, não se trata de um trabalho científico. É uma história
humana, com todas as falhas de um ser humano, como as de Patrick que muda
totalmente de vida pelo amor, embora sob o empuxo da grana que irá receber
da avó.

Confesso que gostei do livro, sobretudo devido esses aspectos

positivos e interessantes que a autora ousou demonstrar na narrativa.

Em 18.06.22

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1 ano 10 meses atrás#125por bruno

Neste livro, a autora inglesa nos brinda com uma emocionante história de aventuras e amor, na Antártica. Seus personagens, não são muitos, mas têm uma atuação marcante no enredo.

A grande protagonista é Verônica McCreedy, uma senhora de 86 anos. Ela pede à Eileen, sua colaboradora nos serviços de casa e nos serviços de internet, para retirar todos os espelhos das paredes. Não sente prazer em se ver neles. Está envelhecendo e aparecem as imperfeições físicas.

No dia seguinte, precisa dos espelhos para se pentear e não os encontra. Pede que sejam recolocados nos lugares onde estavam. Eileen fica preocupada com esses lapsos. Solicita à sua ajudante que busque na internet se existe algum parente, pois está envelhecendo e sente-se só.

Eileen encontra um neto que vive na Inglaterra. Verônica (Vó Verônica - V.V.) vai conhecê-lo. Seu nome é Patrick e tem 27 anos. Que decepção! Sujo, drogado e morando sozinho pois a companheira Lynette o havia deixado por um pedreiro.

A princípio, entre eles, instala-se uma antipatia recíproca. Ele trabalha com o Sr. Gav, numa loja de conserto de bicicletas. Seu pai, Joe Fuller, foi adotado por canadenses. Era alpinista e morreu num desfiladeiro. Sua mãe suicidara. Patrick acha que sua vida não faz sentido para ninguém. Passou por 5 famílias adotivas.

Depois da visita da avó, Patrick resolve telefonar para ela no seu aniversário, mas já com três dias de atraso. Pede para tentarem novo recomeço. Tomou consciência de que precisa mudar sua vida. Ela fica amarga e com raiva.

A V.V. está chateada. Seu programa preferido acabou e é substituído por outro: O flagelo dos pinguins; o apresentador é uma pessoa preocupada com a conservação ambiental. Nos vídeos que assiste, percebe que os pinguins são usados pelos cientistas como indicadores do ecossistema. Seu monitoramento permite avaliar o meio ambiente.

Fica encantada e toma a decisão de ir até a Antártica para entender e acompanhar este trabalho. Prepara-se para a viagem e para enfrentar as geleiras do sul. Eileen ajuda-a a encontrar o endereço da estação de pesquisa na Antártica, na Ilha Locket.

Seu neto e Eileen tentam persuadi-la a desistir da aventura, mas Vovó Verônica é teimosa e persistente. Compra as passagens de avião e navio. Patrick vai ao aeroporto para despedir-se dela e desejar-lhe boa viagem. Está mais asseado do que quando a conheceu. V.V. ficaria fora por três semanas. Os alojamentos não são convencionais e confortáveis.

Na bagagem, seu medalhão com mechas de cabelos e diários escritos por ela na adolescência, que ela guarda por décadas, dentro de uma caixa que ficou trancada por 70 anos.
Sua chegada à Antártica traz desconforto aos cientistas Terry, Mike e Dietrich. Uma estranha no ninho e bastante idosa. Nem os profissionais nem os pinguins a querem lá. Um pinguim chega a atacá-la, destrói sua bolsa e machuca sua perna. Terry explica a V.V que os pinguins são como adolescentes: gostam de brincar e perturbar.

Patrick recebe notícias da avó por meio do blog da Terry. Vê fotos da avó sorrindo. Pensa mais nela e no pai. Terry passa a ser bem próxima de V.V. e gostam muito de conversar. A avó pede a Eileen que envie a caixa fechada que deixara em casa, para seu neto Patrick. Dentro ele encontra o medalhão e diários que sua vó escreveu quando era adolescente. Ele se emociona com os escritos deixados por ela e fica sabendo dos dissabores de sua vida.

Lendo os diários, encaminhados pela avó, Patrick toma conhecimento de que, durante a guerra sua mãe dirigia ambulâncias e seu pai também trabalhava. Com os bombardeios, eles a mandam para a casa da tia Margareth que morava em local mais seguro, Um verdadeiro sofrimento para Verônica. A tia é intransigente e não demonstra afeto. Verônica sente muita saudade dos pais, que morreram soterrados após ataque aéreo.

Na estadia na casa da tia Margareth ela frequenta a escola e faz aulas de dança. Passa os fins de semana na fazenda de Norah e Janet, suas colegas de escola. Norah tem um irmão chamado Harry. Quer seduzir Verônica e ela não cede. Ela a difama. Conhece Giovanni, um italiano prisioneiro de guerra por quem se apaixona. Fica grávida dele. Giovanni é destacado para prestar serviços em outro local. Mais uma vez, sozinha...

Tia Margareth, quando percebe sua gravidez, encaminha-a a um convento. Lá ela tem um menino e dá-lhe o nome de Enzo. As freiras encaminham a criança para adoção, sem seu consentimento. Os pais adotivos mudam seu nome para Joe Fuller. Metade dela se vai com o filho. Dor dilacerante... Busca por anos encontrar Enzo e Giovanni. Em vão... Anos depois uma prima descobre e informa a morte de Enzo.

Ele morre sem saber que eu o queria. Minhas lágrimas jorram...
Verônica casa-se com um duque que lhe deixa um patrimônio considerável com o divórcio. Em testamento, deixa tudo para Patrick, que fica na Antártica com Terry. Ela sabe que eles vão empregar bem a sua herança.

V.V. abre seu coração e conta sua história para Terry. Um dia, querendo ficar só, sai no frio, adoece com pneumonia e fica em estado grave. Se neto vem ajudá-la. Gav lhe empresta o dinheiro para a viagem. Devagar, seu restabelecimento acontece e deve-se à presença do neto, do pinguim PIP que adotara e até mesmo dos cuidados dos cientistas. Mike a salvara. Ela retorna à Escócia e traz para sua casa os dois filhos de Gav, para dar a eles conforto e tratamento de câncer para Dayse, de 8 anos.
Finalmente, Giovanni ainda está vivo. Bastante senil. Voltou à Itália, buscou encontrar Verônica e como não conseguiu, casou-se com uma italiana, por influência de sua mãe. Nunca esqueceu ser grande amor por Verônica.

Gostei muito do livro e dali tiro algumas reflexões de Verônica, que poderão me ajudar no processo de envelhecimento que ora vivencio. O que considerei relevante, coloco em itálico, pois traduz o pensamento de V.V e não necessariamente sua citação.

É melhor ter amado e perdido, do que nunca ter amado.
Chôro e fraqueza nada têm a ver...
Os pais se foram mas a avó o achou.
Aprendi na estação o que é viver em comunidade., a compartilhar pensamentos e experiências com meu neto.
Ocupar-se com o outro faz a gente melhor.
A vida traz dissabores, mas, também, prazeres.
A vida pode curar o coração e recomeçar...
Não suporto ver portas abertas.
Existem na vida três tipos de pessoas: as que fazem o mundo pior, as que não fazem diferença e as que fazem o mundo melhor. (palavras do seu pai)
Comunicou- ao neto que seu legado iria para uma causa melhor que ele.
Velhos não são cheios apenas de rugas, mas, também, de histórias.
Não estou interessa no futuro... o presente basta.
Detesto quando as pessoas equivalem velhice e incapacidade.
A idade me impôs desvantagens que não são insuperáveis.
Todo mundo é obcecado por si mesmo. Ninguém tem tempo para ninguém.
Dinheiro não traz felicidade. Pode trazer conforto, saúde e vida mais longa.
Solidão provoca demência em 40% dos casos.
Constato que as limitações da velhice não me tornam um peso.
Descubro que a mídia tem um poder tremendo.
Com o passar dos anos as pessoas olham mais para os outros e menos para si.
Com o envelhecimento, a capacidade de amar parece crescer.
Música é minha tábua de salvação...
Lembro da voz do meu pai: seja forte, nunca chore...
É difícil compreender a realidade da perda.

Brasília, 28 de junho de 2022
Ena Galvão

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